Publicado: Segunda, 18 Janeiro 2021 10:33
  Autor: Édson Franco
  Fonte: Abmes Blog
  Link: https://blog.abmes.org.br/epilogo/?utm_campaign=abmesclipping_-_14012021&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Realmente o bom Deus faz segredos sobre o dia que nos chamará para o seu reino. Gabriel nos deixou no dia 9, contraditoriamente, o Dia do Fico e um dia antes que usaria para nos responder aos e-mails enviados. 


Tenho em meu poder algumas pastas com recortes da maioria dos textos que me chegavam pela ABMES às terças-feiras, escritos por Gabriel. Minha vontade era a de mandar estas linhas na última terça, mas entendi que deveria respeitar o passamento de meu irmão Gabriel. O silencio do blog com o qual ele nos brindava todas as semanas, melhor seria que registrasse a ausência dele e, portanto, o silêncio de qualquer escrito.

Gabriel Rodrigues, confirmado ao depois pelo nosso estimado José Roberto Covac, tinha a mania de me chamar de “Edsan”. Ele não me chamava de Édson e não sei por quê.

Gabriel era um educador inquieto, criativo e inovador. Disto todos temos certeza. O que o levava a enunciar a expressão “Epílogo” – que tomo como título destas linhas – e que ele dizia para pedir aos interlocutores os resumos das propostas a serem apresentadas em reunião, quando demoravam nas suas explicações. Ele não foi apenas o criador do Curso de Turismo no Brasil. Ele criou a Gastronomia, a Quiropraxia e tantas outras genialidades próprias de um espírito fantástico. Como criativo e inovador, ele deixou órfã de inovação, por algum tempo, a sua querida Anhembi Morumbi, que teve algumas dificuldades para se manter no patamar que Gabriel a deixou e na expressão da criatividade com que ele a marcou.

A generosidade sempre foi a marca dele. Quando eu era iniciante como mantenedor e tinha de ir algumas vezes a São Paulo, Gabriel sempre me fez usar um apartamento vago que ele possuía na Capital, nunca cobrou nenhum tostão. Ele me dava a chave logo no aeroporto, mandada pelo Sapo, o apelido do motorista.

Jamais esqueceremos as “estórias” com as quais ele nos brindava em seus pronunciamentos, algumas que ele começava empolgado e depois tinha dificuldades para reafirmar ou chegar à conclusão.

Gabriel, nos artigos publicados no blog da ABMES, às terças-feiras, foi veemente no desejo de uma nova escola que deverá surgir depois desta interminável pandemia, que junta ondas sobre ondas, fechamentos sobre fechamentos, lockdown sobre lockdown no mundo todo.

Na minha memória não me sai do pensamento a Vila Olímpia, até a passagem da Anhembi para a Laureate, já em novo endereço, e nem vou esquecer o tanto que generosidade também era sua marca. Ele tinha certeza de que um dos problemas das nossas escolas é, também, problema de gestão. Ele era adepto da escola que nos faz aprender, que nos ensina a desaprender e, em seguida, a reaprender, para novos voos.

Não me sai da memória, também, o encantamento que Gabriel nutria pelos avanços tecnológicos para as escolas, pois, ele estava convicto de que a mudança do mundo somente acontecerá pela via da educação, daí a ênfase com que ele defendia a real implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais.

Ele deixou, para a posteridade, rico material de grande aprendizado para todos nós. 

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