Notícias e Opiniões
Clipping: Edição Número: 512
Como reconstruir o Brasil
Publicado: Segunda, 01 Julho 2013 13:32
Fonte: MSN - São Paulo
Após a 2ª Guerra, o período de reconstrução na Alemanha e no Japão demandou ao redor de vinte anos, tempo surpreendentemente curto frente aos danos ocorridos. A rapidez foi possível graças à educação e à disciplina dessas sociedades.
Durante e após a reconstrução, ambas investiram fortemente em educação, principalmente o país asiático, que se recuperou economicamente primeiro por meio da produção com baixo valor agregado (cópias baratas de produtos de outros países). Mas logo aumentou sua participação com desenvolvimentos próprios até alcançar atualmente grau de inovação invejável.
A reforma educacional baseou-se na maior remuneração concedida aos professores, 25% maior do que a média dos servidores públicos, e em investimentos nas escolas públicas, que atendem a 90% da população. Mais tarde, a Coreia do Sul seguiu o mesmo caminho após instituir o ensino básico público e gratuito e reposicionar os salários dos professores. Os alunos são muito exigidos, quem se sobressai tem acesso a bolsas e o governo incentiva a pesquisa. Como resultado, o país cresceu 9% ao ano por três décadas.
Atualmente, é a vez da China, com um sistema educacional mais duro, no qual o progresso de professores e estudantes depende dos seus resultados. Assim, por intermédio de notas e avaliações - que começam a formar um histórico tão logo a criança ingressa no sistema de ensino ou o professor inicia no seu trabalho -, se define o rumo de alunos e mestres. Histórico de notas altas permite que ambos frequentem as melhores escolas.
Em todos os países tratados, o foco maior do investimento público é dado aos ensinos básico e técnico. E a participação privada na educação se concentra mais fortemente no ensino superior. Resultados rápidos em competitividade e desenvolvimento são consequência de melhor ensino técnico. Nesse contexto, colocamos aqui uma sugestão, derivada de observações feitas durante muitos anos de trabalho.
Em nossa cultura, atividades estratégicas, políticas, de planejamento, supervisão etc. são consideradas nobres e de competência de cargos com nível universitário. Culturalmente, o "pôr as mãos na massa" nem sempre é bem visto. Funciona como se alguém tomasse as decisões e deixasse nas mãos de outros o fazer, com mínimo ou nenhum envolvimento no durante. Este distanciamento vertical se repete também horizontalmente, com pouco trabalho em equipe e, consequentemente, com pouca reflexão a respeito da forma em que as coisas são feitas.
Daí que as "entregas" que fazemos normalmente não contém nenhum parâmetro relevante no mundo globalizado e competitivo. Como pertencemos a uma sociedade que não possui nenhum padrão destacável de educação ou de disciplina e de valores como o "orgulho de fazer bem feito" (ícones das culturas alemã e japonesa) praticamente não existem por aqui capacidade de fazer com qualidade.
Mudar cultura é possível, porém demorado. Parece-nos que uma alternativa viável é reforçar fortemente o nível técnico, onde as coisas acontecem nos aspectos de qualidade e produtividade.
Para isto é necessário oferecer capacitação em inovação e melhoria continua; para que as empresas já incorporem o jovem colaborador com estes conhecimentos. Entendemos que, em qualquer empresa, num grupo de trabalho de aproximadamente dez pessoas, é necessário que um deles no mínimo, observe permanentemente a forma como as operações são executadas no seu setor e detecte oportunidades de fazer de forma diferente e melhor.
Assim agindo, a estagnação (e consequentemente a obsolescência) dos processos operacionais poderia ser diminuída ou evitada, com o consequente aumento da capacidade de inovação e melhoria continua. Estaríamos, assim, substituindo a faltante "consciência pessoal" no ato de fazer bem feito, por um mecanismo coletivo. Estas ideias nos têm levado ao desenvolvimento de programas de ensino técnico que transmitam as técnicas de inovação e melhoria contínua, aplicáveis em escolas técnicas ou empresas.